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quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Paulo, um intelectual a serviço de Deus


Por Levi Costa

Paulo, ao discursar no Areópago para alguns dos filósofos epicureus e estoicos, que contendiam com ele dizendo: "Que quer dizer este paroleiro? E outros: Parece que é pregador de deuses estranhos; porque lhes anunciava a Jesus e a ressurreição". (Atos 17.18). Paulo cita o poeta pagão Epimênides, a quem aqueles filósofos areopagitas conheciam muito bem, disse o apóstolo:

"E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação;
Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;
Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração." (Atos 17.26-28)

Busto de Epimênides.
Roma, Museus do Vaticano. 
(Wikipédia)
Essas não são palavras de um profeta judeu, aliás, Paulo em nenhum momento citou os profetas judeus aos atenienses no Areópago, mas citou seus poetas, que, por certo, Paulo os conhecia bem. O Areópago, também conhecido como Colina de Marte, era onde um grupo de atenienses eruditos se reunia para discutir questões de história, religião e filosofia.

Epimênides foi um poeta, filósofo e místico grego, e profeta que viveu em meados dos anos 600 a.C. Paulo, em Tito 1.12cita a obra de Epimênides, "Cretica".

Mas não foi esse o único caso em que Paulo citou o poeta/filósofo Epimênides, ele cita-o também ao escrever sua carta a Tito, ao dizer:

"Um deles, seu próprio profeta, disse: Os cretenses são sempre mentirosos, bestas ruins, ventres preguiçosos." (Tito 1.12).

Ainda num terceiro caso, Paulo cita outro poeta pagão, nesse caso, Menandro, ao dizer:

"Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes." (1 Coríntios 15.33).

Busto de Menandro. 
Cópia romana da original grego
(Wikipédia)
Repito, essas são são palavras de um profeta judeu (como no caso anterior), como alguns possam pensar, são palavras de outro poeta pagão, aqui trata-se de Menandro. 

Menandro (em grego Ménandros; 342 a.C. — 291 a.C.). Filho de Diopeithes, nasceu em Atenas, numa família abastada, recebeu educação bem cuidada. Viveu 52 anos. Menandro escreveu 108 ou 109 comédias, ou, 105 peças, das quais oito ganharam prêmios.

Paulo era um homem culto, um intelectual, e Deus o usou para levá-lo a falar os sábios e entendidos deste mundo. Paulo recebeu sua educação em Tarso, um grande centro que era . Por certo, os jogos realizados em Tarso influenciaram Paulo, pois ele cita-os fazendo comparação com a vida cristã.

Além disso, Deus usou a Paulo para escrever quase a metade do novo Testamento. Pedro fez referência aos escritos de Paulo dizendo haver pontos difíceis de entender, mas acrescenta que foi segundo a sabedoria que Deus lhe deu, assim, Pedro aprovando os escritos e a sabedoria de Paulo (2 Pe 3.16).

Em sua formação teológica, Paulo estudou aos pés de Gamaliel, o maior teólogo dos seus dias, um dos mais sábios e notáveis rabinos daquele tempo. Gamaliel era neto do ainda mais famoso Hilel, grande educador judeu, líder dentre as autoridades do Sinédrio em meados do século I, reconhecido mestre e Doutor da Lei (Torá). Gamaliel destacava-se como grande e tolerante, tinha um padrão de educação mais liberal que as demais escolas rabínicas. 

Paulo era um homem amante dos livros, é tanto que, mesmo estando em uma prisão, ele solicita a seu companheiro e filho na fé, Timóteo, que ao visitá-lo na prisão que trouxesse consigo os livros (pergaminhos já escritos), mas, em especial, os pergaminhos (material para escrita) (2 Tm 4.13). Como pode uma pessoa com certa idade, saúde debilitada, em uma prisão, prestes a ser sentenciado à morte, ainda pensar em ler e escrever? Só mesmo muito apresso por essas coisas. Sim, esse era o grande apóstolo paulo.

Paulo era também um poliglota, ele falava os principais idiomas de sua época, ou seja, ele falava o hebraico, a língua religiosa; falava o aramaico, uma vertente do hebraico; falava o grego, a língua universal daquela época e, provavelmente, ainda falava o latim, a língua do Império Romano, Paulo era um cidadão romano.

Contudo, concluo com as palavra do próprio Paulo ao dizer: 

''Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo."
(1 Coríntios 15.10)

Paulo era, portanto, um intelectual a serviço do Reino de Deus.

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