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sexta-feira, 16 de setembro de 2016

O FILÓSOFO E DEUS - IV

4º - Newton 

Com Newton, a física moderna e o paradigma mecanicista na qual ela se apóia chegaram à sua suprema realização. A ponto de o filósofo alemão Imanuel Kant ter considerado a física de Newton como sendo a própria ciência. De fato, somente no século 20, com a Teoria da Relatividade (Einstein) e a Teoria Quântica (Bohr, entre outros), os fundamentos da física newtoniana foram postos em xeque. Um dos maiores gênios de todos os tempos, esse inglês neurótico, celibatário, rancoroso e vingativo nasceu no lugarejo de Woolsthorpe, no natal de 1642, e morreu em Kensington, em 1727. 

Entre outras façanhas intelectuais, criou o cálculo diferencial e integral, formulou rigorosamente as três leis fundamentais da mecânica, decompôs experimentalmente a luz branca nas sete cores do arco-íris e, principalmente, estabeleceu a Teoria da Gravitação Universal, cujo enunciado é: “Matéria atrai matéria na razão direta da massa e na razão inversa do quadrado da distância”. Essa teoria unificou a física terrestre de Galileu com a física celeste de Kepler. Embora Newton se dedicasse na intimidade à alquimia e outras disciplinas ocultas, sua visão de mundo pública, derivada de Descartes, era rigorosamente mecanicista. Regido por leis inflexíveis, o universo newtoniano se parece com um imenso relógio de corda. Mas tal mecanismo não é fruto do acaso. “Este magnífico sistema do sol, planetas e cometas”, escreveu Newton, “somente poderia proceder do conselho e domínio de um ser inteligente e poderoso. E, se as estrelas fixas são o centro de outros sistemas similares, estes, sendo formados pelo mesmo conselho sábio, devem estar todos sujeitos ao domínio de alguém”. E acrescentou: “Esse ser governa todas as coisas, não como alma do mundo, mas como senhor de tudo, Senhor Deus Pantokrátor, ou Soberano Universal”. 

O traço mais marcante da concepção teológica de Newton, também presente em Aristóteles e Descartes, é a radical separação entre Deus e o mundo. Este nao é uma emanação ou manifestação do próprio Deus, como ocorre em Avicena, mas sua criação e domínio. A pesar de estar presente sempre e em todos os lugares, Deus governa o mundo, por assim dizer, de fora. Ele não é o ser único de que falou Plotino, mas um ser entre outros: o ser supremo, infinito, eterno e absolutamente perfeito. Entre todos os atributos divinos, a ênfase de Newton recai no poder. A relação do Deus newtoniano com suas criaturas não é uma relação amorosa, mas uma relação de poder. Fruto do “espírito do tempo”, do século 17, de certa leitura do Antigo Testamento e do Apocalipse de São João e, certamente, dos conflitos psicológicos do próprio Newton, seu Deus, embora impessoal, foi concebido à imagem e semelhança de um monarca absolutista.

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